Em obras desde 2010, o abatedouro público de Ceará-Mirim deve ser inaugurado no próximo mês de julho a um custo quase seis vezes maior do que o orçado inicialmente. A previsão da data de abertura é do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do (Emater-RN), que desde 2006 planeja construir onze novos abatedouros públicos no Estado. O abatedouro de Ceará-Mirim, que terá capacidade para abater 100 animais por dia, será finalizado por um valor 5,9 vezes superior ao original orçado em 2007: em 11 anos, o custo subiu de pouco mais de R$ 300 mil – incluindo estrutura física, equipamentos e instalações – para exatos R$ 1.737.713,90 (a contrapartida do Estado é de R$ 206.071,77). Ao todo, serão investidos R$ 10.152.651,77 na construção de onze novos abatedouros públicos.
O abatedouro de Ceará-Mirim terá capacidade para abate de 100 animais
diariamente. Parte dos valores acrescidos deve-se a ajustes sanitários exigidos
pelo Idiarn
Em janeiro deste ano a Emater-RN entregou o abatedouro de Baraúna (30 de
janeiro) e, além de Ceará-Mirim, outros seis estão em obras nos municípios de
Angicos, Acari, Florânia, Pedro Avelino, São José do Seridó e Santa Cruz.
Segundo o órgão, “em breve”, também serão erguidos abatedouros públicos nos
municípios potiguares de Nova Cruz, Taipu e Vera Cruz. No caso do abatedouro de
Ceará-Mirim, em 2016, quando a obra estava 80% concluída e foi paralisada para
ajustes no projeto, já havia sido gasto cerca de R$ 600 mil.
Os equipamentos demoraram tanto para serem erguidos, que as regras sanitárias
mudaram durante o período e as plantas precisaram passar por correções: a
dimensão da área onde as vísceras brancas (buxos, tripa fina, tripa fina
escorrida, tripa grossa e tripa para chouriço de sangue) são manipuladas, por
exemplo, aumentou de 10 metros quadrados para 12 m². Os projetos obedecem
normas sanitárias determinadas pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária
do RN (Idiarn).
Sobre o atraso nas obras, a Emater-RN esclareceu, através de sua assessoria de
imprensa, que “foram verificadas insuficiências de informações executivas e
detectadas inconsistências nos projetos e orçamento, o que dificultaram sua
execução e acompanhamento. Além disso, novas exigências sanitárias foram
estabelecidas pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn)”.
O antigo abatedouro de Ceará-Mirim, construído na década de 1970, fechou as
portas em 2014 por falta de condições sanitárias: a cidade cresceu, e em quatro
décadas a zona urbana avançou em torno do equipamento. Como um abatedouro
produz muitos efluentes e gera mal cheiro, o Ministério Público do RN
determinou o fechamento a pedido dos vizinhos.
Ajustes e falta de recursos
Os recursos para construir os onze novos abatedouros públicos são provenientes
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e os motivos
alegados para paralisação das obras nos onze canteiros são semelhantes: em
2016, as construtoras alegaram atrasos nos pagamentos; enquanto a Caixa (agente
financeiro dos projetos) informou que as estruturas estavam sendo erguidas fora
do padrão especificado. As empresas abandonaram as obras e foi feito o
destrato.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN) só conseguiu
fazer as obras avançarem com novos contratos após novas licitações. Em
Ceará-Mirim, duas empresas chegaram a assumir as obras, mas foram
descontratadas.
Com capacidade para abater até 3 mil animais por mês (100 animais por dia),
entre bovinos, ovinos, caprinos e suínos, será o maior do Estado quando for
concluído, de acordo com a Emater-RN, o abatedouro público de Ceará-Mirim irá
abastecer a região do Mato Grande. A maior parte dos demais abatedouros terá
capacidade para receber até 30 animais por dia, exceto os equipamentos
planejados para Nova Cruz e Santa Cruz, que poderão abater até 60 animais por
dia.
“Os abatedouros de Florânia e Acari estão na fase final da construção, e serão
os próximos a serem entregues em junho deste ano”, adiantou a assessoria da
Emater-RN. A previsão para as obras serem concluídas em Ceará-Mirim é julho.
Além das obras, o órgão que presta assistência técnica rural também será
responsável pelo treinamento dos profissionais que irão trabalhar nos
abatedouros. Na construção da Unidade de Processamento de Carnes de Baraúna, o
investimento foi de R$ 668,9 mil.
#Tribuna do Norte