27 de jun. de 2016

Engenho Cruzeiro de Ceará-Mirim...

 
Distante aproximadamente 28 km de Natal, o município de Ceará-Mirim foi importante polo açucareiro, com mais de 100 engenhos construídos a partir de 1840 – apesar do seu começo ter sido considerado tardio, comparando-se com os municípios que, já no século XVII, produziam e açúcar.

Nos ciclos econômicos, era a riqueza que trazia a ascensão dos que detinham a terra e os meios de produção. Eram eles que ganhavam prestígio político e social. E esse fato era demonstrado, também através do tamanho e da imponência de suas casas, sobretudo na zona rural. Era lá que vislumbrava-se toda a riqueza dos senhores de engenho, que faziam vir azulejos de Portugal, máquinas da Inglaterra e, ainda, produziam riquezas com cultivo da cana-de-açúcar, mesmo que explorando o trabalho escravo.
O Engenho Cruzeiro, é o exemplo claro disso. Foi fundado pelo inglês Samuel Bolshaw, um inglês, nascido em Manchester, em 1838 e vindo para Ceará-Mirim em 1870, aos 32 anos de idade.

O inglês, que era um grande empreendedor, em 19 de maio daquele mesmo ano, recém chegado ao Brasil, contratou com o Presidente Silvino Elviro Carneiro da Cunha, o transporte de cargas e reboque de navios, a ser desenvolvido através do Rio Potengi mediante um barco a vapor, moderno e devidamente aparelhado.  E, de pronto, tornou-se sócio de Afonso de Paula Albuquerque Maranhão, nesse empreendimento, que não logrou êxito, tendo em vista a falta de capital suficiente ao seu desenvolvimento.

Em 1872, o inglês, Samuel Bolshaw casou-se com D. Joaquina, filha de Victor José de Castro Barroca, senhor do Engenho Verde Nasce. E, após o casamento, o britânico fundou o Engenho Cruzeiro, no âmago do vale do Ceará-Mirim. Implantou no seu engenho um mecanismo inteiramente novo, que veio a modificar inteiramente os equipamentos utilizados à época. Foi também o responsável pelas grandes plantações de cana-de-açúcar nos vales do Maxaranguape, Punau e Fonseca.

Não satisfeito com a expansão da cultura da cana-de-açúcar nestes vales, o súdito da rainha transferiu-se para Goianinha e Arês, onde também criou centros de produção açucareira, atingindo também a ilha do Maranhão, no município de Canguaretama.

Samuel Bolshaw faleceu na então vila de Arês, em 9 de julho de 1899. Com apenas 61 anos de idade. Câmara Cascudo visitou o túmulo do súdito da coroa Britânica, existente no cemitério de Arês e, sintetizando a personalidade do inglês, o grande mestre assim o descreveu:

“Era homem de imaginação prática, trabalhador inesgotável de planos, com iniciativas e esforços no terreno econômico, merecedor de recordação”.



A CASA GRANDE

A Casa grande do Engenho Cruzeiro, foi construída no final do século passado, concluída em 1899 – acatando-se a inscrição na fachada principal. Era um prédio de relevante interesse arquitetônico, edificado em dois pavimentos, com uma fachada bastante vazada por portas e janelas, todas em madeira pintada e com bandeiras de vidro. A casa era dividida em três partes a saber: a parte central, que ficou para o pai; a parte lateral esquerda, que ficou para o filho mais velho, o mais querido; e a parte lateral direita, para os outros filhos.

Apesar de toda a sua grandiosidade o seu estado de conservação é precário. Encontra-se abandonada, praticamente em ruínas. Algumas de suas paredes já não mais existem.


A CAPELA

A capela do Engenho Cruzeiro, está edificada ao lado da casa grande e resiste até hoje, às intempéries do tempo.

Há controvérsias sobre a sua edificação.

Registros atestam, de forma superficial, que foi construída pelo inglês Samuel Bolshaw, que era judeu, destinada a ser uma sinagoga, mas embora fossem feitas várias buscas sobre o assunto, nenhuma prova foi encontrada.

Outra corrente afirmam que a Capela do engenho foi edificada em 1904 (data incrustada na fachada principal), pelo coronel Francisco José Soares.
Permanece a dúvida.

Trata-se de um edifício, de relevante valor arquitetônico. Tem duas torres abertas para superior e a cobertura dessas torres foi confeccionada em forma de pirâmide. O acesso à capela é valorizado por uma escadaria, que leva a uma porta central. Apenas uma modificação foi introduzida: a substituição de quatro vitrais nas fachadas laterais, por janelas de madeira. Possui colunas internas com acabamento esmerado. O madeiramento de estrutura da cobertura foi cuidadosamente selecionado, tendo sido utilizadas peças de madeiras, caprichosamente trabalhadas, na confecção das tesouras.

A casa-grande e a capela do engenho cruzeiro em Ceará-Mirim formam um conjunto arquitetônico de expressivo valor. Merecia uma melhor conservação, porque o desmoronamento deste conjunto arquitetônico, representará uma lastimável perda para a cultura do Ceará-Mirim.

Fontes – Internet, através de vários sítios, entre os quais:

Autor do texto: Thalles Souza Bezerra 

#ACLA Pedro Simões