13 de nov. de 2015

Escolas públicas sucateadas em Ceará-Mirim esperam reformas à décadas

No povoado de Ponta do Mato, no município de Ceará-Mirim, a situação da única escola pública dessa região é de espanto. A Prefeitura iniciou as obras de um novo posto de saúde ao lado da Escola Municipal Antônio Ferreira da Silva, mas nesta quarta-feira, dia 4, a construção invadiu a unidade escolar, pois a parede que os separava foi derrubada para dar espaço a uma parte da obra do posto. Com isso, a Escola, que já é pequena, teve que se desfazer de uma sala de aula, uma despensa e perdeu o muro do pátio. A cozinha teve uma parte do telhado retirado.


Esse cenário por si só já seria preocupante, tanto pela segurança dos estudantes, que cursam da Educação Infantil ao Ensino Fundamental I e dos profissionais da educação, quanto pela dissolução parcial da Escola, que nitidamente sofre pela falta de boa estrutura. Esta unidade existe há cerca de 50 anos e nunca teve uma reforma estrutural e sim reparos pontuais e serviços de manutenção, que não dão conta da demanda, pois frequentam a escola quase 300 alunos. Para se ter uma ideia da ineficiência dessas pequenas reformas, existe uma sala de aula improvisada no meio do pátio, ao lado de uma fossa, há 15 anos, pois a sala definitiva nunca foi entregue. O que separa a “sala de aula” do resto do pátio são chapas de madeira (madeirite), que sequer vão do piso ao teto e, como se não fosse o bastante, estão em péssimo estado de conservação, com farpas grandes expostas.

Agora com essa obra ao lado, que apenas deixou mais
O muro caiu há dias e nem mesmo recolher os entulhos
a Prefeitura de Ceará-Mirim o fez. O risco de crianças e
transeuntes do povoado de se machucar é visível.
evidente o sucateamento da Escola, uma outra sala de aula foi improvisada, dessa vez na sala da direção e administração, tendo apenas alguns armários separando os dois ambientes. Os alunos dividem o espaço com pastas de documentos, equipamentos eletrônicos e outros materiais de uso dos professores. Um dos banheiros se encontra interditado e, para completar, as faltas de água são constantes. E se alguém, que estiver visitando o povoado, passar em frente a Escola e quiser saber o que é o prédio, terá que perguntar, pois o muro da frente caiu e os entulhos não foram removidos, apresentado riscos às crianças e transeuntes. 

Escola em Muriú também se encontra sucateada

Em Muriú, outro povoado de Ceará-Mirim também, a situação não é muito diferente, na verdade aparenta ser pior. A princípio as escolas de Muriú funcionavam no mesmo prédio (durante o dia funcionava a Escola Municipal e à noite a Escola Estadual). Em 2003, por questões políticas, a Estadual saiu desse prédio passando a funcionar numa casa alugada, pertencente na época a então vereadora Graças Freitas (PR). 

Desde então Muriú é cercada de promessas, em período eleitoral, sobre a construção da Escola Municipal, tanto por parte da ex-prefeita Edinólia Melo (PMDB), quanto pelo atual Prefeito Antonio Peixoto (PR). No ultimo ano de gestão daquela prefeita, os alicerces do que seria a então nova Escola Municipal chegaram ser postos (hoje no terreno está edificada a quadra coberta). Em 2011, o conselho escolar da unidade Municipal reuniu-se com a Secretaria de Educação e apresentou os problemas da estrutura física do prédio. O acordado entre as partes foi transferir a Escola para um outro local até que a Prefeitura tomasse uma posição sobre o que seria feito: reforma ou demolição, seguido de construção de novo prédio. Assim, a Escola passou a funcionar numa casa adaptada, sem condições mínimas para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. 

Em 2013, diante de algumas medidas adotadas pela Secretaria de Educação, os professores juntamente com os pais se organizaram no intuito de barrar a ofensiva da Secretaria, com o apoio do Sinte/RN de Ceará-Mirim (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte, Regional de Ceará-Mirim). Foi organizada uma visita da comunidade escolar até a Secretaria de Educação, onde cerca de 50 pais se voluntariaram, além de alunos e professores. Nesse dia houve uma audiência entre a comissão da comunidade escolar e a secretária de Educação, que se compromissou de até o mês de dezembro de 2013 em demolir o prédio e, no primeiro semestre de 2014, dar início à construção do novo prédio, que segundo a secretária, o projeto já existia. Dessa audiência até hoje já se passaram dois anos.

Já sobre a Escola Estadual, a exigência do Governo Estadual era de um lugar para a construção da unidade, que resultou na cessão de um terreno por parte da Prefeitura para dar início às obras. Em 2003, quando a Escola Estadual saiu do prédio da Escola Municipal, foi instalada numa casa alugada da então vereadora Graças Freitas (PR), num valor na época de R$ 5 mil por mês. Em setembro de 2012, a Escola transferiu-se para outro prédio, a Pousada Silva. Então, há 12 anos a situação da educação estadual em Muriú não se resolveu, mesmo já tendo passado pelo governo três diferentes gestões: Vilma de Farias (PSB), Rosalba Ciarlini (DEM) e agora Robinson Farias (PSD). 

Por fim, ambas as escolas funcionam em prédios alugados, a Municipal numa casa pertencente à ex vice-Prefeita Graças Freitas (PR), e a Estadual em um prédio de uma pousada.

#SINTE-RN