1 de mai. de 2018

Ceará-Mirim: Museu Nilo Pereira continua abandonado

Construção que guarda grandes momentos da história potiguar está abandonado há vários anos. No local, há muitos problemas na estrutura.


Distante apenas 33 km de Natal, Ceará-Mirim guarda verdadeiros tesouros históricos e arquitetônicos. Nossa equipe foi até a cidade conferir a situação do museu Nilo Pereira, espaço que poderia ser uma alternativa para o turismo de interior.

Na chegada, só a placa está em boas condições. O mato toma conta do lugar. A fachada está deteriorada. O casarão, onde deveria funcionar o museu Nilo Pereira, era uma casa de engenho e foi contruída em 1850. O local é de extrema importância para o Rio Grande do Norte, mas, na parte de dentro, o que encontramos é um cenário de completo abandono.

Todas as portas e janelas estão quebradas. No chão, restos de vidros, pedras e mais sujeira. Não há energia elétrica, nem água. O teto de madeira foi tomado pelos cupins e as estruturas de concreto em várias paredes estão comprometidas. Lâmpadas e até madeiras da escadaria foram roubadas. A situação de abandono já dura seis anos.

“É importantíssimo para a cultura de Ceará-Mirim ter esse prédio restaurado. Não vejo por quê não restaurar este prédio. São muitos anos de abandono”, conta o diretor da Fundação Nilo Pereira, Waldeck Araújo.

As fotos registradas na década de 80, mostram a beleza da casa em estilo arquitetônico francês. O lugar guarda uma parte importante da história e da cultura potiguar.

O professor de história Gerinaldo Moura relata: “A importância cultural desse lugar está no fato de o local ter sido a redisência do segundo vice-presidente da província do Rio Grande do Norte, Dr. Vicente Nelson Pereira. Ele era genro do Barão de Ceará-Mirim, casado com D. Isabel Augusta e que recebeu a casa como dote de casamento”.

O professor lembra como era o museu quando esteva em pleno funcionamento: “Aqui (no museu) tinha os móveis antigos que relembravam a época áurea da cana-de-açúcar, tinha um piano de cauda e depois foram acrescentando outros objetos, que não faziam parte do acervo do museu”.

Mesmo com as condições precárias do local, nós encontramos um grupo de estudantes que escolheram o lugar para gravar uma apresentação de dança. Para eles, Ceará-Mirim e o RN perdem por não terem o museu Nilo Pereira restaurado.

“A gente escolheu esse local pela tradição que ele tem e pelo modelo, que representa o começo da história de Ceará-Mirim e porque ele está esquecido” diz o estudante Augusto Cézar Ferreira, que fazia a gravação no local.


Batalha judicial

Parece que o desejo dos estudantes ainda vai demorar para acontecer. Em Natal, o promotor de justiça Antônio Siqueira explica que a briga judicial pela restauração do museu é antiga. Em 2006, o Ministério Público e a Fundação José Augusto assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas nada foi feito.

O promotor de Justiça, Antônio Siqueira, declara: “O MP entrou com uma ação de execução visando coibir a Fundação José Augusto para que preserve aquele patrimônio extraordinário do prédio sede do museu, que é um prédio lindíssimo e também todo o acervo dele, que parte foi furtada e o que resta estava em decomposição, cheia de cupins, etc”.

A multa pelo não cumprimento da restauração do museu já passa dos R$ 36 mil. O presidente da fundação, Crispiniano Neto, disse que ainda não recebeu nenhuma notificação com a decisão do Ministério Público e que, no momento, a fundação não tem recurso para a obra.

“Em 2010, nós não temos no orçamento da fundação, a verba. Porém, aquele TAC, que nós tínhamos assinado com o promotor, ele acionou à justiça e apesar de não ter chegado a notificação de que o juiz está nos condenando a fazer aquilo que é nossa obrigação fazer. Essa condenação, ao invés de nos incomodar, vai nos reforçar, na possibilidade de solicitar os recursos e o governo do Estado conceder o recurso para que se abra a nova licitação”, conclui Crispiniano Neto.

#Blog Fala Ceará-Mirim (www.falacm.zip.net), publicado originalmente em 2010.