Quem foi o político que levou Petrobrás a ‘doar’ R$ 5 milhões à Cia. Açucareira? – por Marcos Aurélio de Sá
- Durante o período em que era
diretor de Refino e Abastecimento da Petrobrás o engenheiro Paulo
Roberto Costa, foi conseguido, através de influência política, que a
estatal comprasse – e pagasse adiantado – toda a produção anual de
álcool combustível da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, então
controlada pelo ex-governador potiguar Geraldo Melo.
- A notícia que circulou na época nos meios políticos e econômicos
locais foi que a Petrobrás injetou no caixa da destilaria
ceará-mirinense (que, atingida por séria crise financeira, já se achava
em regime de desativação das suas atividades produtivas), a soma de R$ 5
milhões, em dinheiro vivo, e que álcool nenhum lhe foi entregue pela
empresa vendedora.
- Agora, quando sob o incentivo da delação premiada, o próprio Paulo
Roberto Costa, preso no Paraná como um dos cabeças da operação “Lava
Jato”, está fazendo uma série de depoimentos à Polícia Federal sobre a
onda de corrupção que se alastrou sobre a Petrobrás e gerou um rombo de
R$ 10 bilhões durante os últimos 12 anos, surge a esperança de que sejam
esclarecidos uns tantos “malfeitos” da petroleira que tiveram lugar no
Rio Grande do Norte.
- Tem muita gente curiosa querendo saber, por exemplo, qual foi o
político local que usou seu prestígio em Brasília para conseguir que a
Cia. Açucareira colocasse tão facilmente a mão naquela bolada da
Petrobrás.
Quando Cia. Açucareira recebeu “doação” da Petrobrás, Geraldo não era mais o dono – por Marcos Aurélio de Sá
- Do empresário e ex-governador
do Rio Grande do Norte Geraldo Melo (que também já representou o Estado
no Senado Federal), a coluna recebeu na manhã de hoje (com data de
08/09/14) uma carta em que ele contesta notícia aqui divulgada ontem,
sob o título “Quem foi o político que levou Petrobrás a ‘doar’ R$ 5
milhões à Cia. Açucareira?”
- A carta tem o seguinte teor:
- “Prezado jornalista Marcos Aurélio de Sá,
- “Apresso-me em declarar que é totalmente sem fundamento a
informação divulgada hoje em sua coluna, segundo a qual a Petrobras
teria injetado 5 milhões de reais no caixa da Cia. Açucareira Vale do
Ceará-Mirim, quando era eu o seu acionista controlador.
- “Enquanto fui acionista daquela empresa, as nossas relações com a
Petrobras limitaram-se ao fornecimento de álcool e recebimento do valor
da mercadoria efetivamente entregue. Assim, enquanto a Cia. Açucareira
nos pertenceu, a Petrobras jamais realizou pagamento antecipado de
qualquer quantidade de álcool para entrega futura e jamais adiantou, a
qualquer título, em qualquer tempo, nem esses 5 milhões e nem qualquer
outra quantia à empresa.
- “Isso não aconteceu e não foi jamais pleiteado por mim nem mesmo
quando fui Senador da República, Vice-Presidente do Senado ou líder,
naquela Casa, da bancada do partido a que era filiado o próprio
Presidente da República. Aliás foi precisamente nessa época que a
empresa sofreu a cobrança executiva de sua dívida com o Banco do Brasil,
fruto de financiamento contratado muitos anos antes.
- “Se eu, enquanto tive acesso aos altos escalões da República, não
obtive qualquer tipo de favor da Petrobras ou de qualquer outra agência
governamental, como se pode imaginar que eu passasse a desfrutar de
benesses justamente quando o país passou a ser governado pelo PT?
- “Lembro ao ilustre jornalista que – como é do seu pleno
conhecimento – vendi a totalidade das minhas ações na Açucareira desde
23 de março de 2009, sendo público e notório que, após a venda, as
minhas relações com aquela empresa passaram a ser fortemente
conflituosas, com interesses divergentes cuja solução está nas mãos da
justiça.
- “Se alguma operação desse tipo tiver acontecido por lá, terá sido
fruto de prestígio e diligência dos novos proprietários e dirigentes da
Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim.
- “Espero e confio nas suas providências para desfazer esse equívoco
que não presta qualquer serviço à verdade e nem faz justiça a este seu
humilde admirador. Atentamente,
Geraldo Melo.”
NOTA DO REDATOR
- Tem razão o ex-governador Geraldo Melo. De fato, a operação de
compra da produção anual de álcool combustível da Cia. Açucareira Vale
do Ceará-Mirim pela Petrobrás, com pagamento antecipado, aconteceu no
início da década atual, quando ele já havia formalizado a venda das suas
ações ao empresário cearense Manuel Dias Branco Neto que, por sua vez,
não conseguiu honrar nos prazos acertados o pagamento, daí resultando
demanda que ainda tramita na justiça e que levou, até bem recentemente, a
empresa a ficar sob a gestão de um interventor indicado pela justiça,
enquanto o direito à sua propriedade ficava sub judice, como ainda se
encontra.
- Não há dúvida, porém, quanto à veracidade da informação aqui
publicada, de que a Petrobrás, ao tempo em que Paulo Roberto Costa era
seu diretor de Abastecimento e Refino, pagou adiantado à Cia. Açucareira
Vale do Ceará-Mirim a soma de R$ 5 milhões, pela compra da produção do
etanol que jamais foi entregue.
Com informações do Jornal de Hoje