11 de set. de 2014

Escândalo da Petrobrás envolve "doação" de R$ 5 milhões à Cia Açucareira Vale do Ceará-Mirim

Quem foi o político que levou Petrobrás a ‘doar’ R$ 5 milhões à Cia. Açucareira? – por Marcos Aurélio de Sá

- Durante o período em que era diretor de Refino e Abastecimento da Petrobrás o engenheiro Paulo Roberto Costa, foi conseguido, através de influência política, que a estatal comprasse – e pagasse adiantado – toda a produção anual de álcool combustível da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, então controlada pelo ex-governador potiguar Geraldo Melo.
- A notícia que circulou na época nos meios políticos e econômicos locais foi que a Petrobrás injetou no caixa da destilaria ceará-mirinense (que, atingida por séria crise financeira, já se achava em regime de desativação das suas atividades produtivas), a soma de R$ 5 milhões, em dinheiro vivo, e que álcool nenhum lhe foi entregue pela empresa vendedora.
- Agora, quando sob o incentivo da delação premiada, o próprio Paulo Roberto Costa, preso no Paraná como um dos cabeças da operação “Lava Jato”, está fazendo uma série de depoimentos à Polícia Federal sobre a onda de corrupção que se alastrou sobre a Petrobrás e gerou um rombo de R$ 10 bilhões durante os últimos 12 anos, surge a esperança de que sejam esclarecidos uns tantos “malfeitos” da petroleira que tiveram lugar no Rio Grande do Norte.
- Tem muita gente curiosa querendo saber, por exemplo, qual foi o político local que usou seu prestígio em Brasília para conseguir que a Cia. Açucareira colocasse tão facilmente a mão naquela bolada da Petrobrás.


Quando Cia. Açucareira recebeu “doação” da Petrobrás, Geraldo não era mais o dono – por Marcos Aurélio de Sá

- Do empresário e ex-governador do Rio Grande do Norte Geraldo Melo (que também já representou o Estado no Senado Federal), a coluna recebeu na manhã de hoje (com data de 08/09/14) uma carta em que ele contesta notícia aqui divulgada ontem, sob o título “Quem foi o político que levou Petrobrás a ‘doar’ R$ 5 milhões à Cia. Açucareira?”
- A carta tem o seguinte teor:
- “Prezado jornalista Marcos Aurélio de Sá,
- “Apresso-me em declarar que é totalmente sem fundamento a informação divulgada hoje em sua coluna, segundo a qual a Petrobras teria injetado 5 milhões de reais no caixa da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, quando era eu o seu acionista controlador.
- “Enquanto fui acionista daquela empresa, as nossas relações com a Petrobras limitaram-se ao fornecimento de álcool e recebimento do valor da mercadoria efetivamente entregue. Assim, enquanto a Cia. Açucareira nos pertenceu, a Petrobras jamais realizou pagamento antecipado de qualquer quantidade de álcool para entrega futura e jamais adiantou, a qualquer título, em qualquer tempo, nem esses 5 milhões e nem qualquer outra quantia à empresa.
- “Isso não aconteceu e não foi jamais pleiteado por mim nem mesmo quando fui Senador da República, Vice-Presidente do Senado ou líder, naquela Casa, da bancada do partido a que era filiado o próprio Presidente da República. Aliás foi precisamente nessa época que a empresa sofreu a cobrança executiva de sua dívida com o Banco do Brasil, fruto de financiamento contratado muitos anos antes.
- “Se eu, enquanto tive acesso aos altos escalões da República, não obtive qualquer tipo de favor da Petrobras ou de qualquer outra agência governamental, como se pode imaginar que eu passasse a desfrutar de benesses justamente quando o país passou a ser governado pelo PT?
- “Lembro ao ilustre jornalista que – como é do seu pleno conhecimento – vendi a totalidade das minhas ações na Açucareira desde 23 de março de 2009, sendo público e notório que, após a venda, as minhas relações com aquela empresa passaram a ser fortemente conflituosas, com interesses divergentes cuja solução está nas mãos da justiça.
- “Se alguma operação desse tipo tiver acontecido por lá, terá sido fruto de prestígio e diligência dos novos proprietários e dirigentes da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim.
- “Espero e confio nas suas providências para desfazer esse equívoco que não presta qualquer serviço à verdade e nem faz justiça a este seu humilde admirador. Atentamente,
Geraldo Melo.”

NOTA DO REDATOR
- Tem razão o ex-governador Geraldo Melo. De fato, a operação de compra da produção anual de álcool combustível da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim pela Petrobrás, com pagamento antecipado, aconteceu no início da década atual, quando ele já havia formalizado a venda das suas ações ao empresário cearense Manuel Dias Branco Neto que, por sua vez, não conseguiu honrar nos prazos acertados o pagamento, daí resultando demanda que ainda tramita na justiça e que levou, até bem recentemente, a empresa a ficar sob a gestão de um interventor indicado pela justiça, enquanto o direito à sua propriedade ficava sub judice, como ainda se encontra.
- Não há dúvida, porém, quanto à veracidade da informação aqui publicada, de que a Petrobrás, ao tempo em que Paulo Roberto Costa era seu diretor de Abastecimento e Refino, pagou adiantado à Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim a soma de R$ 5 milhões, pela compra da produção do etanol que jamais foi entregue.

Com informações do Jornal de Hoje